Conheça a trajetória de uma ultramaratonista, que também é mãe e empresária, na Maratona da Muralha da China
“Ninguém pode dizer: ´você não pode correr mais rápido que isso ou saltar mais alto do que isso´, o espírito humano é indomável”, Roger Bannister.
Essa frase me fez lembrar a história da experiente ultramaratonista de Curitiba (PR), Mari Novacki. Nem uma das maiores construções da humanidade, com 5.164 degraus, impediu o seu sonho de ultrapassar as dificuldades do caminho e cruzar a linha de chegada da Maratona da Muralha da China, em maio de 2013. Essa é uma daquelas provas que não medem apenas a capacidade física e a força de vontade. É um esforço extraordinário.

Muralha da China e muitos dos seus 5.164 degraus
“Foi a experiência mais fantástica que já vivi. Optei por ela porque faz parte de um grupo de maratonas classificadas como as mais difíceis e queria conferir de perto. A maratona já começa na questão da alimentação, que é bem complicada lá. Na maioria das vezes, comemos macarrão no hotel. Na prova, passamos duas vezes na Muralha (ida e volta), os degraus não são regulares – o que torna o desafio maior ainda. Corremos em ruas de pedras soltas, no meio de campos recém arados e no asfalto. Fiquei muito emocionada quando entrei na marulha, chorei e agradeci por poder fazer o que amo num lugar tão distante considerado patrimônio da humanidade com séculos de História. Foi lindo”, relatou a atleta.
Primeiro lugar
Com duas ultras em seu currículo, a Comrades (2009) – considerada a mais difícil do mundo -, sendo a terceira brasileira a cruzar o tapete de chegada, e a Cruce, além de oito maratonas, tendo alcançado o primeiro lugar geral na Mountain Do Deserto do Atacama em março de 2013, Mari ainda não consegue descrever as sensações que a corrida provoca em sua vida.
Como dizem os atletas da pista, só quem corre entende… “A corrida é tudo: me salva do estresse, me faz viajar, conhecer pessoas e ficar mais conectada comigo, mais em sintonia. Quando corro penso, revejo, me reorganizo. Acho impossível descrever o que sinto…”, tenta explicar.
Conciliar é preciso
Quem acha que um atleta desse nível só vive de treino está muito enganado. Mari brinca ao dizer que é “moleza” conciliar tantas atividades ao mesmo tempo. Na verdade, é preciso muita garra mesmo. “Tenho duas filhas, casa, gatos e sou dona de panificadora. Trabalho bastante, dia sim dia não fico até às 20h no trabalho e folgo a cada 15 dias um final de semana. Treino na hora do almoço e, aos finais de semana, procuro ir bem cedo pra voltar e tomar café com as filhas”, relata. Ufa! Isso também deveria valer medalha…
Os treinos da atleta
Mari começou a correr há 12 anos. Antes disso, só fazia musculação e spinning. “Um médico da área esportiva me aconselhou a corrida pra que eu não ficasse só na musculação”, conta. Hoje em dia, a atleta corre quatro vezes por semana, faz crossfit duas vezes e ainda faz yoga de duas a três vezes por semana.
Próximas paradas
De malas quase prontas para a França, Mari espera testar seu tempo na Maratona de Paris, em 12 de abril, com foco já na maratona que fará em julho. “Desde 2011 não faço maratona em asfalto. Então, vai ser um teste para saber como estou para tentar fazer a maratona do Rio, em julho, mais rápida”, conta.
E a incrível coleção de medalhas só vai aumentar. “Vou fazer os 21km da Asics Golden Four de Fortaleza, depois a maratona do Rio, e, em setembro, corro a maratona de Sidney, na Austrália. Meu sonho é fazer uma maratona em cada continente”, diz.
E eu, que também vou fazer a Maratona de Paris, estreando nos 42km195m, agora sonho em conhecer essa grande atleta pessoalmente. Até breve, Mari!
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