Aos meus amigos da pista…
A vida de um corredor é estar em movimento. Logo no início do ano, há uma agenda fechada até dezembro com os próximos desafios. Depois, a rotina é de treino, alimentação adequada, descanso, eventos de corrida para encontrar os amigos e muitos desafios… Não é um modismo, é um estilo de vida, um novo jeito ao ar livre de saber viver. Não é loucura, pois insano é quem não cuida da própria máquina que nos mantêm vivos. Não é só alegria, amizades, medalhas, conquistas. É dor, choro, ansiedade. É saber sair da pista quando está “quebrado”, é conviver com o medo de não dar conta de realizar o que foi almejado. É um trabalho completo: com horário, prazo, metas, logística, roupas adequadas, ciência por trás disso tudo. É aceitar ser desafiado a cada dia por si mesmo. Ninguém te empurra para uma maratona, ninguém faz sua inscrição forçada, ninguém às vezes entende nem o motivo de você está ali…

Fotos: Ricardo Guimarães, Jr
E são muitos e diversos os tipos de corredores. Pais e mães de família, trabalhadores, gente em recuperação de um câncer e outras doenças, gente que parou de fumar, casais, gente que emagreceu, que perdeu pai, mãe, filho… Gente que não tem pernas e corre em cadeiras de rodas, gente que corre empurrando o carrinho do bebê, gente que corre esperando o filho que ainda vai nascer. Os objetivos são mais diversificados ainda. Cada um corre um tipo de corrida: de 5, 10, 21 ou 42km e há ainda os ultramaratonistas (ufa!). Cada um corre com um pace, em seu próprio ritmo. Alguns são bons em distâncias curtas; outros são mais resistentes em um ritmo médio durante um longo trajeto. As circunstâncias são também variáveis: é possível correr na rua, na esteira, na chuva, sob o sol escaldante, no chão de terra, em trilhas, montanhas, sobre pedras. Nada é impossível na corrida. Impossível é não se apaixonar! A paixão vem da superação a cada dia, do gosto de sentir que você pode mais e vai lá e consegue mesmo exausto. A gente nasce corredor, a vida é que, muitas vezes, nos paralisa horas atrás de mesas de trabalho, em pé durante um serviço ou deitado no sofá da sala. A gente nasce com a vontade de correr atrás de tudo o que desejamos, seja uma bola, uma pipa, um pião ou um balão. Muitas vezes, correr é um ato de sobrevivência também, nem que seja de mentirinha, nas brincadeiras de cabra-cega ou pega-ladrão. É ter fôlego para pensar ao ar livre e tomar decisões cantarolando a sua melhor play list. É arrepiar com o vento e com toda a emoção que vem de dentro. A vida de um corredor é viver se reinventando a cada quilômetro e dizendo pra si mesmo ao cruzar uma linha de chegada: qual será meu próximo sonho?
Comentários