Em uma maratona como a de Paris, tudo é grandioso. A começar pelos números: 54 mil inscritos, 40.172 que concluíram a prova, 150 nações representadas. Entre os participantes, 25% são mulheres e eu estava lá! Só o fato de poder participar de um evento desse porte já me emociona.
Foram seis meses intensos de ansiedade e preparação. Passei por todos os estágios emocionais, da euforia à irritabilidade. Sempre confiei em meu entusiasmo para cumprir um objetivo, mas em uma prova como essa tudo pode acontecer… Alguns atletas lesionam na véspera, devido aos treinos intensos, por exemplo. Eu convivia com esse medo o tempo todo. Em um treino longo na Lagoa da Pampulha, caí, ralei as mãos e uma perna e terminei os 28km sangrando.
Um dia antes da maratona do dia 12 de abril, meu corpo inteiro doía como se eu tivesse sido atropelada, mas acho que era apenas o fator emocional misturado com o fuso de 5 horas de diferença, a viagem corrida de apenas dois dias antes da prova e o fato de eu não consegui parar quieta – andei muito na cidade antes da corrida.
Um dia inteiro foi dedicado à feira do evento, que foi bem organizada. Tinha uma parede enorme com os nomes de todos os atletas, um espaço para deixarmos nossas mensagens, teste da pisada, massagem, vários acessórios, roupas e tênis personalizados com a logomarca da Maratona etc. Foi incrível.

Na feira do evento, o nome de todos os atletas inscritos na Maratona de Paris
O grande dia
Milagrosamente, dormi bem na noite anterior à Maratona (foi minha melhor noite de sono nos últimos seis meses) e acordei super disposta a percorrer os 42km195m. Aprontei calmamente e fui… Gosto desse meu controle emocional nos momentos certos, nos dias importantes. Sou super ansiosa, mas apenas antes. No dia mesmo, surpreendentemente, consigo manter o controle.
Na largada encontrei alguns dos Instamigos que fiz por causa da maratona e foi ótimo porque fizemos alongamento, conversamos um pouco e acabei me distraindo.
Ao começar a prova, voltei ao foco total no meu objetivo. Estava ali porque queria muito chegar ao final, ultrapassar aquela linha de chegada e sentir que tudo poderia mudar em minha vida a partir daquele momento.
No primeiro km lembrei do meu filho Victor. Carreguei o nome dele na minha coolbelt porque, além de ser o meu maior amor, é também um nome lindo que significa vitória!
No km 18 senti que era como se eu tivesse acabado de dar a volta na Lagoa da Pampulha onde fiz meus treinos mais longos e pensei: eu posso muito mais.
No km 21, que representa a meia-maratona, passei com o tempo de 2h07, minha melhor marca nessa quilometragem até então! Estava muito feliz.
Fui muito bem até o km 30, apesar de um incômodo o tempo todo na banda/lateral do joelho esquerdo, mas nada que me paralisasse. O tempo mais friozinho me ajuda demais. A respiração estava ótima, nada ofegante, e minha cabeça parecia flutuar com uma sensação muito gostosa.
De quilômetro em quilômetro
Do km 30 ao 35 eu senti o cansaço nas pernas como todo maratonista fala. Você quer continuar correndo no seu pace, mas as pernas não respondem. Simples assim (aliás, nada simples… ). É como se você estivesse fazendo um esforço extremo, além do que o corpo aguenta. E foi ali que encontrei minha platéia: meu marido! E foi ali que um conhecido passou por mim e gritou meu nome. E foi por tudo isso, mais meu coração forte e minha cabeça tranquila, que comecei a correr melhor novamente.
Então, a partir do km 35, voltei a correr no meu ritmo como o de costume e assim fui até o final!
Ao avistar a placa km 42, a lágrima veio… É inacreditável e indescritível. Cheguei inteira (apesar das dores musculares) e feliz. Ganhei a linda medalha brilhante e uma camisa de finisher. Enfim, maratonista! “Missão dada é missão cumprida”.
O que fica disso tudo? Os amigos que fiz por causa da prova, a emoção do público batendo palmas, torcendo com cartazes, vibrando… Crianças, adultos, policiais, bombeiros. Bati nas mãos de muita gente. A emoção de ver tanta gente correndo prestando homenagens (de luto – o que me fez lembrar meu pai, de desaparecidos e de luta contra o câncer).
O que eu vou levar para sempre em meu coração? A felicidade de saber que meu filho, mãe, Pila e alguns amigos me acompanharam do Brasil, a cada 5 km, pelo aplicativo da maratona. E a emoção de ter conseguido esse feito histórico, algo que seria impossível para mim em um passado recente.
O que eu mais quero a partir de agora? Continuar embarcando nesse sonho… Uma vez maratonista, maratonista sempre será!
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