Dois anos atrás, fiz um post aqui no Saia da Inércia homenageando as mães esportistas. Naquela época, a maternidade era algo distante. Agora, às vésperas do meu primeiro dia das mães com o Ian, quis falar sobre a minha experiência.
Sempre achei gestação e atividade física plenamente compatíveis, por isso insisti em malhar até o fim. Só não consegui correr o quanto gostaria. Cheguei a contar aqui que levei um tombo na Pampulha. Levei um susto e assustei tanta gente que, depois disso, continuei só na esteira até o peso da barriga me pedir para parar.
Mas o que sempre admirei foi ver aquelas mães se exercitando com o carrinho de bebê. Há muitos anos, fui participar de uma prova na Pampulha e vi um casal de corredores com o bebê no carrinho. Aquela imagem nunca saiu da minha cabeça. Serviu de inspiração. E, quando fiquei grávida, adivinhe qual foi minha primeira compra? Claro, um carrinho especial para poder correr com meu filho. É enorme, porque os pneus são grandes e ele é mais largo, nem passa pela porta dos quartos da minha casa. Rsrsrs. Foi um investimento e tanto.
Só hoje, depois de passar pela experiência de me exercitar com o Ian, sei o quanto é preciso se desdobrar para ser uma mãe esportista. Nos primeiros meses de vida do bebê, o corpo da mulher ainda está se recuperando da gestação. Dizem que a gente só se recupera totalmente depois de um ano, inclusive a disposição e energia. Mesmo assim, queria muito malhar. Precisava movimentar meu corpo, sentir aquela adrenalina, o suor escorrendo pelo rosto, o cansaço e a felicidade com cada dorzinha muscular resultado do meu esforço.
Achava que seria tranquilo o retorno, não sofreria tanto. Já ouviu dizer que corpo tem memória? Pois tem! E eu pratico esporte há muitos anos. Mas nada é fácil depois de uma gestação. Os primeiros 20 minutos de bike indoor foram sofridos. Nadar 700m foi uma vitória. Consegui montar uma ficha nova na academia, mas o peso dos aparelhos é irrisório! E comecei a usar o carrinho de bebê como aliado. Primeiro, foram as caminhadas, depois, me atrevi a correr. Fiquei exausta no primeiro dia. Depois fui empolgando até que cheguei a correr 4 km direto. Naquele dia tive certeza de que meu corpo não era mais o mesmo. Por mais que eu tenha conseguido correr “tudo isso”, o corpo pedia para ir com calma. Sinalizou com algumas dorzinhas que era preciso desacelerar, não ir com tanta sede ao pote. Resolvi escutá-lo e voltei a fazer treinos intervalados, intercalando corrida e caminhada. O corpo agradeceu.
Experiências vividas graças ao Ian. Correr e fazer pilates com ele significa me reinventar, conhecer e reconhecer essa Luciana que chegou arrebatadora após a maternidade. É atender às minhas necessidades e, ao mesmo tempo, me conectar ainda mais com meu filho. Um jeito divertido de praticar esporte e de incentivar o Ian desde pequenino. É aprender a respeitar os meus limites e os dele, que reclama, pede colo, pede peito. O ritmo é outro. A vida é outra. E, cada vez mais, estou gostando dessa nova Luciana, a mãe que se revelou há quase cinco meses e está apenas no início de uma trajetória cheia de descobertas.
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